Eu

Eu...

Nasci, era pequenina...

olho d’agua entre folhagens da alma
 

Nas faces do tempo sonhei liberdade, 
luz e escuridão.

Guria descalça, encontrei-me entre folhas secas
Aprendi em sombras e chuvas desintegrar-me

Aos ventos perder-me...
Dissolver como o orvalho ao sol som

Meus reinos eram arvorais pertinhos de azul
Azul sempre me despertou comovimentos

Se um pingo me envolve, ah, azulêncios
Posso ser risos, ser lágrima, sentimentos.

Não sabia, mas sondava poesis no cheiro da terra molhada
Ouvi direto dos galhos os segredos da seiva e da vida
Renasço cotidianamente em nuvens papiros

Translúcida poesia
Descobri paixões por universos de letranças andanças

Das dores da vida aprendi o peso da indiferença
E da importância de nunca me desimportar.

Escrevo e desnudo ao mundo
                                universo de rimas e sentidos
Desnudam-me meus amores livrescos e poéticos
Cativando sensibilidades perdidas.
Feito antigo camafeu, ao amor me guardo... E aguardo!

Não aprendi a fugir e dói a indiferença
Temo a ignorância que se quer crueldade.

Se magoada, recolho-me em conchinhas
                     colhidas ao mar enamorado

Escolhi entre tímidas conchas
Meu recanto de sonhos e sons de azul

Estendo amores em varal ao vento colorido
Quando em fixos olhos multicolores me perco
Sinto uma ausência da menina
                 perdida nos desalentos das tardes 

Um manto me cobre e só o que me descobrirá
Será um tu, mesclado de mim.

2 comentários:

Anônimo disse...

Uma vida, uma descrição outonal de suas vestes de alma e corpo. Lindo demais, emocionante.

Vitor Silva disse...

De uma beleza rara de se ler, Tânia. Um poema na altura do mítico na Natureza, encantatório na agudeza dos sentimentos profundos, e hipnotizante pela elegância abrangente da linguagem. Demais!

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