Memórias de uma menina, quase boa, quase má

Memórias de uma menina, quase boa, quase má

Cabelo embaraçado... Alguém pra pentear.
Lágrimas depois: Tranças, especialidade de mãe.
Andar descalça areiando o entre-os-dedos

Leito de chão, entre folhas e grãos, vidas escondidas.
Terra molhada modelando a vida;
O chão tem segredos divididos com águas.
Gotas de um tempo que só crianças conseguem escutar,
Em culinárias de invenção o barro cria e recria mundos.

Vestida de flores e folhas
Chita verde e azul, mais um toque,
E o tom que só o chão podia dar.

Gostava de pesquisar sem trilhas
Minhocas faceiras em túneis secretos
E sentir nas mãos o escorregar das arejadoras.

Em trilhos gostava de pesquisar as conversas de formigas.
Maldadezinha no ar, seu dedo tocava sem carinho uma delas.
Vontade de ser deusa-menina?
As outras se alvoroçavam todas
E a fofoca se estendia pelos caminhos.
Arrependidas as mãos se recolhiam.

Em dias magnânimos, presentes...
Assim sem mais:
1. Grãos de arroz;
2. Leve chuva de açúcar;
3. Um restinho de bolachas surrupiadas do café.
E já era bom, porque senão poderiam acostumar...

E era bom vê-las descobrindo o néctar;
E era bom vê-las entrilhando-se em busca do pão.
E já era hora de ir, vontade de ficar um pouco mais.
E sabia que cada uma delas era parte do lugar
E sabia que amanhã voltariam, voltaria sim,
Como fazia o vento desmachando-lhes as tranças.


Um comentário:

Celamar Maione disse...

Bom o tempo das descobertas.

beijo

Licença de uso do conteúdo deste blog

Creative Commons License Este Blog e os textos aqui publicadoes estão licenciados sob uma licença Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 2.5 Brasil License.