poeta, eu?

eu, poeta?

eu que já não me acho e já não me há espaço
nessas velhas palavras que já não me cabem

eu que-em-dente-carne-sangro-me
em resquícios de verves viciadas

essas inocentes palavras
expostas e nuas nas esquinas
enquanto sorvem, bêbadas,
moedas de troca
de um sonho qualquer

essas debochadas palavras
elas que se dão a uns e a outros
permissivas e lascivas
ofegantes de becos e espelhos

elas que se arrastam no lodo e na infâmia
e sempre com a mesma doçura
desvendam aquarelas ao entardecer

e  eu que de longe apenas espio
desaprendida de ser

poeta
eu?

2 comentários:

Anônimo disse...

poesia assim, feito de sangue e fome é que é boa, é ferida e deixa gosto bom no olhar.

José de Castro disse...

a tua poesia tem o gume
de estrelas
que fere fundo...
traz a marca do
sonho perdido..
do mistério que inebria...
tua poesia...
é encanto e magia...

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