eu, poeta?
eu que já não me acho e já não me há espaço
nessas velhas palavras que já não me cabem
eu que-em-dente-carne-sangro-me
em resquícios de verves viciadas
essas inocentes palavras
expostas e nuas nas esquinas
enquanto sorvem, bêbadas,
moedas de troca
de um sonho qualquer
essas debochadas palavras
elas que se dão a uns e a outros
permissivas e lascivas
ofegantes de becos e espelhos
elas que se arrastam no lodo e na infâmia
e sempre com a mesma doçura
desvendam aquarelas ao entardecer
e eu que de longe apenas espio
desaprendida de ser
poeta
eu?
2 comentários:
poesia assim, feito de sangue e fome é que é boa, é ferida e deixa gosto bom no olhar.
a tua poesia tem o gume
de estrelas
que fere fundo...
traz a marca do
sonho perdido..
do mistério que inebria...
tua poesia...
é encanto e magia...
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