abraça-me

abraça-me

e de abrupto
um beijo
e espanta-me afogueada a face
aflora-me quase profano
teu nome
que transborda-me em sílabas salivas
ah,  
      pecado e deleite
            perdão e lascívia
                                    tanto me entrega
                                    diz de mim a mim
ao tom de uma voz
que desconheço e sei
tendo-te em meus lábios assim

                                                e
                                        talvez
                                 medo seja
                            de perder-me
         na absurda densidade tua
                  que baixinho me leva
                              e desvanece-me 

              nessas horas perdidas
         entre abismo e absinto
no azul de teus abraços
fragmento-me

e
já sem medo
agarro-me a ti
entre as unhas sinto
os soluços d’alma tua

                                                 e da tenra maçã
                                         que de metamorfose
                oferta-se e seduz

                             mordo e deleito-me
       em doce e liquefeito beijo.
encontro-me enfim.  

5 comentários:

Janice Diniz disse...

Gostei muito do conteúdo e design do teu blogue. É uma delícia ler tuas poesias.

Abração!

Diego Jurado disse...

Dejarse llevar y ser en ese sentimiento tan profundo, así expresado, es el camino de la levedad y del fuego, de quien se dice humano, de quien siente dentro, intenso.
Puro deleite. Me ha encantado, como siempre. Un placer leerte, siempre, Tania.
Un beso.

Maris disse...

Fui percorrida pelas suas palavras, Tania. Lindo poema!

Vitor Silva disse...

Tânia, sempre supreendendo-nos com sua poesia. A utilização do espaço de maneira consciente, traz a leveza conhecida na maravilhosa trama dos sentidos entre significantes e o significado consequente da abdução no seu universo poético. Abraços, Vitor.

Fábio Santana Pessanha disse...

Antes, claro, obrigado por sua visita. Depois, óbvio, ausência do que dizer quando o que se diz esvai-se em palavras... Então, fiquemos naquela ansiedade do quase que é sempre rica de porvir... e continuar tentando ser pedra...

Beijos

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